AP 3
Gerencialismo ou Nova Gestão (Administração) Pública
=> Modelos teóricos surgem para explicar as novas
relações entre o Estado e a Sociedade.
=> Quando o modelo teórico burocrático surge, ele não
quer manter nada do modelo patrimonialista. Mas, quando o modelo gerencial
surge, ele não quer romper com todo o modelo burocrático, a ideia seria manter
as boas características do modelo. Tenta acabar com as disfunções da
burocracia.
=> Os modelos teóricos recebem esse nome pq são
idealizações de nível apenas teórico, mas, que na prática funcionam de forma
diferente. Em cada modelo, houve na prática características de outros modelos.
|
Modelo teórico |
Forma de governo |
|
Patrimonialista |
Absolutista |
|
Burocrático |
Liberal Liberal Democrático |
|
Gerencial |
Democrático Social |
Surgimento do modelo Gerencial
Fator 1
Crise econômica mundial iniciada em 1973 na primeira crise
do petróleo e reforçada em 1979 na segunda crise do petróleo.
A economia mundial enfrentou um grande período recessivo nos
anos 80 e não retomou os níveis de crescimento das décadas de 50 e 60.
Na escassez, o Estado foi o principal prejudicado, entrando
em grave crise fiscal.
=> Uma crise fiscal seria um situação em que a política
fiscal do governo entra em problema, em que não é possível fazer um equacionamento
entre despesas e receitas. Não tem dinheiro suficiente para as suas despesas.
Neste caso há 3 soluções possíveis:
- Aumentar receitas pelo aumento de impostos (gera oposição
popular)
- Reduzir despesas pela redução das políticas públicas (gera
oposição popular)
- Endividamento (não pode acontecer indefinidamente pq cada
vez mais as dívidas ficam caras)
Fator 2:
Crise fiscal: os governos não tinha mais como financiar seus
déficits crescentes.
Sobretudo nos EUA e na Inglaterra, iniciava-se uma revolva
dos contribuintes contra a cobrança de mais tributos, sem relação direta com a
melhoria dos serviços públicos.
Os governos estavam sobrecarregados de atividades acumuladas
no pós-guerra. Os grupos não queriam perder o que consideravam conquistas.
Se eu não consigo aumentar a receita, diminuir a despesa nem
se endividar, então a única opção é aumentar a eficiência.
Fator 3
Tratava-se do que a linguagem da época chama de situação de
ingovernabilidade (problemas de governança): os governos estavam inaptos para
resolver seus problemas.
Fator 4:
A globalização e todas as transformações tecnológicas que
transformaram a logica do setor produtivo afetaram de maneira decisiva o Estado
e sua capacidade de formular políticas econômicas de forma autônoma.
(Fernando Abrucio)
Administração pública gerencial
Surge na segunda metade do século XX como resposta à
expansão das funções econômicas e sociais do Estado e ao desenvolvimento
tecnológico e à globalização da economia mundial.
A eficiência da administração pública com a necessidade de
reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços em benefício do cidadão
torna-se essencial.
Quando surgem os modelos:
Burocrático: 2ª metade do séc. XIX
Gerencial: 2ª metade do séc. XX, especialmente após 1979
Os direitos sociais começam a surgir nos anos de 1920 e
foram se intensificando, mas como as receitas tbm iam crescendo não foi
problema se não quando os recursos começaram a diminuir.
A reforma do aparelho do Estado passa a ser orientada
predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de
serviços públicos.
Começa a se desenvolver uma cultura gerencial (técnicas de
gerencia, derivadas do setor privado: controle de custos, de metas, agradar o
cliente) nas organizações.
=> O setor público importa a cultura gerencial do setor
privado
A administração pública gerencial vê o cidadão como
contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços.
Os resultados da ação do Estado são considerados bons se as
necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas, e não apenas porque os
processos administrativos estão sob controle e são seguros, como seria na
logica burocrática.
O paradigma gerencial contemporâneo é fundamentado nos
princípios da confiança e da descentralização da decisão.
=> O modelo burocrático surge porque ele desconfia do gestor
e não deixa ele ter autonomia nenhuma, criando uma série de controles rígidos
dos processos que podem ser fiscalizados e vigiados.
O modelo gerencial nasce com base na confiança, mas, a
confiança não é absoluta, mas limitada. Continua tendo controles e regras, mas,
a partir da confiança vc pode dar autonomia ao gestor, isso é importante pq só
tendo autonomia vc pode cobrar resultado.
=> No modelo burocrático se não tiver resultado e o
gestor seguiu a norma não se pode cobrar nada a ele pq ele não tinha autonomia,
no modelo gerencial ele tem margem para decisão mas o resultado é cobrado.
Demanda formas flexíveis de gestão, horizontalização de
estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade e a
inovação.
Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da
burocracia tradicional.
Mantem a avaliação sistemática, a recompensa pelo desempenho,
a capacitação permanente, características da boa administração burocrática.
Adiciona os princípios da orientação para o cidadão-cliente,
do controle por resultados e da competição administrada (competição entre
diferentes órgãos públicos).
A administração pública gerencial constitui um avanço e um
certo rompimento com a burocrática.
A administração
pública gerencial conserva da anterior, embora flexibilizando alguns princípios
fundamentais (meritocracia, carreiras, avaliação de desempenho, treinamentos
sistemáticos, impessoalidade, racionalidade).
A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa
de basear-se nos processos e concentra-se nos objetivos e resultados.
O modelo burocrático se concentra nos meios e o gerencial se
concentra nos fins.
não é possível abandonar totalmente a logica burocrática.
(Bresser-Pereira)
Contratualização de resultados (estratégia central):
1.
Definição precisa dos
objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade.
2.
Garantia de autonomia do
administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros à sua
disposição para atingir os objetivos contratados.
3.
Controle a posteriori dos
resultados.
Propõe-se a competição administrada no interior do próprio
Estado, quando há a possibilidade de concorrência entre as unidades.
Concorrência de centrais do cidadão entre si.
Quanto às estruturas organizacionais, buscam-se a
descentralização e a redução dos níveis hierárquicos.
A administração pública deve ser permeável à maior
participação dos agentes privados e das organizações da sociedade civil.
A administração pública gerencial inspira-se na
administração de empresas, mas não pode ser confundida com ela.
A receita das empresas depende dos pagamentos que os
clientes fazem livremente; a receita do Estado provém de impostos.
O mercado controla a administração das empresas; a sociedade
"controla" a administração pública.
A administração de empresas está voltada para o lucro privado;
a administração pública gerencial está diretamente voltada para o interesse
público.
AULA 3 – Completa
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